quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Um ano de pausa

Ainda que eu tenha calibrado diversos trechos, 2007 passou com poucas alterações de escrita. Trocas de nomes de personagens e a criação de dois capítulos que faltavam. Editar também é escrever. Desdobramentos de um capítulo que não estava bom. A história está consolidada na minha cabeça, mas ainda tenha penso em subverter algumas coisas. O ano que vem será de ajustes finos, então.

Um trecho do primeiro capítulo, já bastante trabalhado, mas que deve mudar ainda mais:

"Adeus lata velha de falso brilho, adeus bolha intacta e brilhante, adeus proteção vítrea de isolamento plástico, acidentes iminentes, atropelamentos potenciais; adeus possibilidades latentes de engavetamento, falta de gasolina, engates de marcha, manobras de esterceamento, trocas de pneu; adeus cordões de motoboys cosendo os vãos dessas ruas coaguladas; adeus pedintes, flanelinhas, guardadores; adeus Sheilas; adeus áreas de estacionamento proibido, assaltos à mão armada; adeus telões eletrônicos, outdoors de felicidade eufórica; adeus quimeras publicitárias enfiadas pela goela de metal abaixo; adeus limites de velocidades, jatos de poluição no nível dos olhos; adeus estacionamentos, lava-rápidos, drive-ins e drive-thrus; adeus pingentes motorizados, limpadores de pára-brisa, malabaristas de fogo, crianças pedindo moedas nos faróis; adeus armadura motorizada e desigualdade na pele de lata e vidro."

Uma sinopse sucinta e antiga:

"No momento presente da narrativa, Roma está atormentado por lembranças de Helena, garota com quem viveu um caso de amor intenso no tempo da faculdade, mas que o abandonou por motivos que ele não consegue compreender. O rapaz também passa a rever sua história familiar, a partir de reminiscências de infância e situações recentes, como a morte do avô e a demissão do pai. A angústia e a privação econômica que ele enfrenta num país em permanente crise econômica aumentam à medida que a narrativa avança."

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A idéia


O romance "Corpo-a-corpo com o concreto" constitui-se de duas histórias paralelas. Narradas em primeira pessoa e enfeixadas alternadamente, elas se articulam entre si. Os protagonistas são um morador de rua anônimo e um jornalista de 25 anos chamado Romário Ribeiro (ou Roma, seu apelido). Os dois personagens moram em São Paulo, e a trama se desenrola em 2002.
Roma é um rapaz de classe média que optou pelo jornalismo por acreditar que assim poderia atuar no processo histórico brasileiro. Escreve poemas e acalenta sonhos de se tornar escritor. Passa por um momento de crise existencial e afetiva. Quando o romance começa, ele acaba de bater o carro – e sua relação com a cidade é, então, toda ela mediada pelo automóvel. Filho de um empregado aposentado da indústria automobilística, Roma aos poucos elabora sua história pessoal (que tem início nos anos 70, durante o “milagre econômico”) e a história do país no começo do século XXI (às vésperas da histórica eleição à presidência de um ex-sindicalista ligado à indústria automobilística paulista).
O morador de rua, por sua vez, não tem mediação com o espaço urbano. Vive em condições elementares de sobrevivência (sede, fome, falta de abrigo e solidão extrema). Sua linguagem expressa uma psicologia torturada: sua narração, em prosa poética, é angustiada e altamente metafórica.
A certa altura dos acontecimentos, os dois personagens se encontram e, juntos, estabelecem um plano de ação que vai conflagrar a cidade de São Paulo.

sábado, 21 de julho de 2007

Este é o blog Corpo concreto, criado para publicar textos relacionados ao livro Corpo-a-corpo com o concreto

O autor

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São Paulo, SP, Brazil
Escritor e doutor em Letras pela USP. Livros: "O fluxo silencioso das máquinas" (Ateliê Editorial, 2002), "Sobrevivente André du Rap "(Labortexto Editorial, 2002, em parceria com José André de Araújo) e "Corpo a corpo com o concreto" (Azougue Editorial, 2009).